ArPa 2024 — helô sanvoy e luiza gottschalk 

Para a terceira edição da ArPa, a Aura apresenta, no estande D10, uma seleção de obras de Helô Sanvoy (1985, Goiânia, GO) e Luiza Gottschalk (1984, São Paulo, SP) que explora as relações entre o discurso poético e o uso inusitado de materiais emblemáticos da história da arte moderna.

Reunido segundo o repertório que as obras criam a partir das suas formas particulares de manipulação do suporte, o projeto desenvolve reflexões sobre caminhos possíveis para um pensamento poético da obra de arte à luz das suas escolhas materiais. Com trabalhos produzidos em diferentes mediums, o conjunto reúne desde pinturas até esculturas e relevos de parede.

Através de uma técnica criada pela própria artista, Luiza Gottschalk mistura tecidos, água, pigmentos e tinta a óleo para produzir uma pintura liquefeita, alusiva aos caminhos das águas que experimentara com a paisagem da Serra da Mantiqueira. O acaso é, nesses trabalhos, uma vocação. Ao encostar na tela, a tinta ensaia uma liberdade aquática. Quase como se o material exercitasse uma vontade de pintar a tela por conta própria.

O trabalho de Helô Sanvoy, por sua vez, levanta contrapontos entre a transparência do vidro e a sua utilidade delimitadora do espaço. Através da sua simultânea neutralidade e rigidez no ambiente, fica escancarado que nem tudo o que é transpassado pelo olhar está ao alcance do corpo. O vidro, nesse sentido, toma uma translucidez difusa, com superfícies ásperas e rígidas, integradas a tijolos ou transpassadas por materiais como couro e chumbo. A materialidade dos objetos, assim, transita junto às questões que podem ser atreladas aos trabalhos a partir da ascendência relacional a que o material e o seu uso permanecem reiteradamente articulados.